CIÊNCIA E VIDA!!

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sábado, 7 de setembro de 2013

Fauna: O Ceará (ainda) tem disso sim! – Anfíbios e peixes ameaçados de extinção

No terceiro post da série sobre as espécies animais ameaçadas de extinção que vivem ou transitam pelo território cearense. Chegou a vez de conhecermos melhor anfíbios e peixes, os ancestrais mais antigos dos vertebrados terrestres.
Há duas espécies de anfíbios e sete de peixes, sendo um peixe ósseo e seis peixes cartilaginosos, que correm risco de desaparecer da Terra, caso não sejam devidamente conhecidos e preservados.
Alguns tem localização muito restrita, vivendo apenas em um Estado ou município, mas outros viajam milhares de quilômetros pelo mundo todo. Em comum, no entanto, os grupos e espécies que mostraremos a seguir precisam da ajuda humana para sobreviver, nem que seja deixando-os viver em paz em seus respectivos territórios.
Anfíbios, os primeiros vertebrados a se aventurarem na terra firme
O Ictiostega deve ter sido um dos primeiros anfíbios, tendo vivido há cerca de 375 milhões de anos Imagem: Encyclopedia Britannica
Os anfíbios evoluíram no Período Devoniano (há cerca de 375 milhões de anos) e foram os predadores dominantes por pelo menos 100 milhões de anos até que começaram a perder espaço para seus descendentes os répteis.
Também foram muito afetados pela gigantesca extinção em massaque aconteceu no fim do Permiano (há 250 mihões de anos), quando a maioria das linhagens foi extinta.
Um pouco antes disso, há 290 milhões de anos, surgiram os ancestrais dos anfíbios modernos, tais como sapos e rãs, que sobreviveram a duas grandes extinções desde então.
Suas principais características incluem o fato de serem vertebrados pecilotérmicos (não mantém sozinhos sua própria temperatura) que não possuem bolsa amniótica e tem seu ciclo de vida dividido em duas fases: uma aquática e outra terrestre, apesar de haver exceções.
Na atualidade, estão identificadas cerca de seis mil espécies vivas de anfíbios, número aproximado ao de mamíferos e répteis, seus descendentes. Dessas, felizmente apenas duas espécies cearenses estão ameaçadas de extinção. Saiba mais sobre elas:

Rãzinha  (Adelophryne baturitensis )
Imagem: Arkive.org
É uma espécie endêmica do Ceará que habita folhiços em bromélias e beira de riachos. Foi catalogada apenas em 1994.
A espécie não é abundante na área de ocorrência, o que pode estar sendo afetado pelos longos períodos de ausência de chuva típicos do nosso clima.
Está classificada como vulnerável à extinção devido à perturbação humana, perda/degradação de habitat e por fatores naturais ligados aos próprios hábitos e características da espécie, bem como de seu habitat.
Rãzinha de Maranguape  (Adelophryne maranguapensis)
Imagem: Blog do Nurof
Assim como a espécie anterior, é observada no folhiço das bromélias, onde fazem posturas de 5 a6 ovos translúcidos. É comum observar os filhotes recém-eclodidos no local.
A espécie habita a Serra de Maranguape, onde grande parte da área foi substituída por plantio de bananeiras, porém o que traz esperança é que nos locais onde vive a espécie ela é registrada com frequência.
Apesar disso, sua situação é preocupante e está classificada como em perigo de extinção por conta de fatores como a perturbação humana e a perda/degradação de habitat.
PEIXES ÓSSEOS
Ilustração de um Cheiroleps, um dos primeiros peixes ósseos da Terra, que viveu há cerca de 400 milhões de anos Imagem: The Earth Through Time
Ao contrário do que acredita o senso comum, os peixes não formam um grupo único de animais, mas dois principais. O mais importante deles para a história da evolução humana é o grupo dos peixes ósseos, pois dele descendem anfíbios, répteis, aves e mamíferos como nós.
O grupo surgiu no período Siluriano (há 420 milhões de anos) e possui como diferencial de peixes mais primitivos, ossos, ou seja tecido ossificado internamente por substituição da cartilagem. Na linguagem popular, no entanto, os ossos desses peixes são conhecidos como espinhas.
Os peixes ósseos são os mais diversificados entre os vertebrados. São nada menos que 29 mil espécies. Nos mares cearenses há apenas uma espécie de peixe ósseo catalogada como em risco de extinção e ela é importante recurso na gastronomia local, a cioba. Saiba mais sobre ela:
Cioba (Lutjanus analis)
Imagem: Doug Perrine
É um peixe  presente no Atlântico Ocidental (incluindo mares cearenses) que pode chegar a 75 cm de comprimento. Tem coloração avermelhada com ventre mais claro e estrias escuras e douradas.
Em outras partes do Brasil, também é conhecido como areocó, ariocó, carapitanga, caraputanga, chioba, ciobinha, mulata, realito, vermelho-paramirim.
Em Portugal é conhecido simplesmente como pargo vermelho. É um peixe de carne muito saborosa e apreciada comercialmente.
Várias outras espécies do gênero Lutjanus são também conhecidas popularmente por cioba. Essa espécie está classificada apenas como “quase ameaçada”, devido principalmente à pesca excessiva.
PEIXES CARTILAGINOSOS
O Megalodon deve ter sido o maior peixe da Terra e um dos grandes rivais das baleias pré-históricas. Foi extinto há relativamente pouco tempo: 1,5 milhões de anos atrás Imagem: Wikipedia
Mais antigos que os peixes ósseos, surgiram há cerca de 461 milhões de anos. É o grupo que atinge as maiores dimensões na atualidade e compreende principalmente tubarões, raias e quimeras. O maior tubarão,o Megalodon, por exemplo, deve ter atingido perto de 25 metros e viveu entre 28 e 1,5 milhões de anos atrás.
São peixes geralmente oceânicos que possuem um esqueleto totalmente formado por cartilagem, mas coberta por um tecido específico, a cartilagem prismática calcificada.
Apresentam de 5a 7 fendas branquiais dos lados do corpo ou na região ventral da cabeça e gancho pélvico (também conhecido como clásper) um órgão de copulação dos machos. Podem ser ovíparos, ovovivíparos e até vivíparos (isso mesmo, alguns tubarões tem parto similar ao dos mamíferos).
Nas águas cearenses vivem  ou transitam seis espécies de peixes cartilaginosos, sendo cinco tubarões. Descubra mais sobre elas:
Tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum)
Imagem: Direct Sea Life
A espécie possui número de filhotes por parto varia entre 21 e 50. A alimentação é constituída basicamente de invertebrados bentônicos, como lagostas, camarões, caranguejos, ouriços-do-mar, polvos e moluscos.
É uma espécie caracterizada pelo corpo robusto,  cabeça achatada e barbilhões nasais que chegam até a boca. O comprimento máximo confirmado é de 3,08 metros e os filhotes nascem com 28 a 31 cm.
Ocorre em águas tropicais e subtropicais rasas, em habitat costeiro ou em plataformas insulares.
Os machos amadurecem com cerca de 2,25 m e entre 1 a 15 anos de idade, e as fêmeas entre 2,25 a 2,35 m e 15 a 20 anos de idade. A reprodução ocorre uma vez a cada 2 anos. São vivíparos.
É classificado como vulnerável à extinção devido à caça/captura excessiva e à perda/degradação de habitat.
Galha-branca-oceânico (Carcharhinus longimanus)
Imagem: MarineBio
Vive em zonas tropicais de águas quentes. Pode chegar a medir 4 metros e pesar até 168 quilos. É uma das três espécies que mais atacam seres humanos, daí serem mortos muitas vezes por pescadores.
O tubarão galha-branca-oceânico é relativamente corpulento. Seu focinho é curto e arredondado.  Seus dentes da maxila superior são triangulares com bordo serrilhados e os da inferior pontiagudos.
Em geral medem e pesam 2,5 m e 70 Kg, respectivamente. Os filhotes nascem com aproximadamente 60 e 65 cm. É classificado como vulnerável à extinção.
Tubarão-junteiro (Carcharhinus porosus)
Imagem: Florida Museum of Natural History
Há poucas informações sobre essa espécie, principalmente sobre seus hábitos em mares brasileiros.
Ela é classificada apenas como quase ameaçada, principalmente devido a esse relativo desconhecimento da comunidade científica.
Os machos podem medir cerca de 1,5 metros.
Ocorre do Golfo do México até o Brasil, incluindo o Ceará e também é observado no Oceano Pacífico do Golfo da Califórnia até o litoral do Peru.
Tubarão-toninha (Carcharhinus signatus)
Imagem: DiscoverLife
É uma espécie exclusiva do Oceano Atlântico, mas há poucas informações sobre seus hábitos e sua ocorrência no Ceará e no Brasil como um todo. Os machos podem medir até 2,8 metros.
Pode mergulhar até 600 m de profundidade em águas que oscilam entre 11 e 16 graus Celsius.
É observdo desde o litoral dos Estados Unidos, Caribes até a América do Sul e a costa da África.
É classificado como vulnerável à extinção.
Tubarão-baleia ( Rhincodon typus )
Imagem: Marine Bio
É a maior espécie de tubarão, identificada pelo corpo robusto, cabeça larga e achatada, boca em posição quase terminal e pela coloração, que inclui numerosas manchas e listras verticais.
O tamanho máximo reportado para esta espécie é de 20 m, pesando cerca de 35 toneladas. É encontrado em águas oceânicas. Apresenta comportamentos migratórios, incluindo passagens pela costa cearense.  Uma fêmea capturada em Taiwan continha 300 embriões medindo cerca de 55-60 cm.
A alimentação é constituída de grande variedade de organismos planctônicos e nectônicos, como crustáceos e pequenos peixes, os quais consome por uma estratégia de filtração e sucção.
É considerado como vulnerável à extinção.
Peixe-serra (Pristis pectinata)
Imagem: Critter Zone
É parente de tubarões e raias. Pode ser encontrado em estuários e ambientes costeiros e de manguezais, ocorrendo também em ambientes recifais.
O comprimento máximo observado na espécie é de 6 m. A espécie passou por um processo de redução de tamanho populacional muito rápido, sendo extirpado de grande parte de sua distribuição original no Atlântico.
É uma espécie caracterizada por uma expansão chamada de “serra” ou “catana”, que possui uma fileira de 23 a 30 dentes rostrais em cada um dos dois lados.
Possui o comprimento ao nascer de 75 a 85 cm; de maturidade, 2,7 m para machos e 3,6 m para fêmeas. A espécie é ovovivípara, com fecundidade variando em torno de 10 embriões
É classificado como em perigo de extinçã devido à caça/captura excessiva, perda/degradação de habitat.

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